Parem de nos calar!

O desenho “Aladdin” é um clássico da Disney que marcou nossa infância e perdura até os dias atuais. O filme de mesmo nome foi lançado em 2019 e também teve uma grande repercussão.
Esse texto poderia ser uma resenha ou análise do filme ou algo correspondente. Mas hoje é o Dia da Mulher e eu lembrei de uma música que me marcou bastante no momento que eu assistia ao filme: “Speechless”, da cantora Naomi Scotti, que também interpretou a Jasmine no filme. A tradução da referida palavra do inglês é “Muda”.
No filme com a versão dublada, a referida canção é na voz da cantora Isabela Souza e a versão traduzida e adaptada para o português do Brasil é “Ninguém me cala”. Vamos aos trechos da música.
“Eu quis falar, mas ninguém me ouviu, com a minha voz sufocada”. Quantas vezes a mulher denuncia os casos de assédio e violência a que é submetida e não é ouvida? Ou, quando não denuncia por medo, busca enviar sinais, mas é ignorada. E a consequência é a voz que passa a ser silenciada para sempre.
“Não vou chorar. Eu tenho que ser firme. Podem tentar. Tentar me silenciar”. Tal situação ocasiona em sofrimento, muitas vezes ignorado. A saída é lutar sozinha com as próprias mãos. E buscar ser ouvida de alguma forma. “Ainda que alguém me oprima, mas ninguém me subestima”, sim, nós somos capazes de coisas que, às vezes, nós mesmas duvidamos!
“Chegou a hora do mundo mudar. Essa história é antiga”. A história original de Aladdin foi lançada em 1992. De lá pra cá, muita coisa mudou. Em 1992, Jasmine era apenas a namoradinha bonitinha de Aladdin. No filme de 2019, ela ainda é coadjuvante, mas com bem mais destaque. Mostra-se uma mulher forte, decidida e de voz, que não abaixa a cabeça. A mulher que entra muda e sai calada não representa a mulher contemporânea. E, felizmente, a Disney buscou mostrar isso.
“Uma princesa não deve falar. Não há o que eu não consiga”. Sempre buscaram silenciar a voz das mulheres, mas, felizmente, hoje elas conseguiram sair do papel de coadjuvantes para protagonistas da própria história.
Agradecemos as homenagens neste dia e as manifestações de carinho. Mas o pedido para este dia e para os que seguem é um só: parem de nos calar!

Artigo de autoria de Márcia Catunda, diretora de Comunicação da ACI, veiculado no Jornal O Otimista do dia 08/03/2022